Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorComo o Brasil se integrará ao esforço mundial para limitar as emissões de gás carbônico (CO2) foi o objetivo de um grande estudo que Anfavea e Boston Consulting Group (BCG) acabam de apresentar. A eletrificação tornou-se a saída mais objetiva na qual os três grandes polos da indústria automobilística mundial, China, EUA e União Europeia, estão empenhados.
Estes três representam cerca de 60% das vendas mundiais de veículos leves e pesados. Acrescentado o Japão, os países centrais respondem por algo próximo a dois terços da frota mundial e das emissões de CO2. Obviamente, o País não pode e nem deve ficar de fora deste esforço global. Atender esses objetivos, no entanto, exigem ações de curto, médio e longo prazos, além de investimentos bastante elevados tanto do governo quanto da própria indústria.
Dos três cenários montados pelo BCG para 2030 e 2035, o que me parece mais perto da realidade brasileira do ponto vista de veículos leves é o protagonismo de biocombustíveis no caminho da descarbonização. É viabilizado por regulações já existentes, frota predominante de automóveis flex e ampla infraestrutura de produção e distribuição de etanol.
Há, entretanto, outra alternativa classificada de cenário de convergência global. Neste caso o Brasil alcançaria nível de eletrificação maior e as fabricantes aqui instaladas seguiriam estratégias globais. Para isso seria necessário instalar 150.000 carregadores espalhados pelo País ao custo hoje estimado de elevados R$ 14 bilhões. Ainda assim, em 2035, a frota circulante de veículos leves teria 82% com motores só a combustão e o restante, elétricos e híbridos.
Precisaria saber de onde viria o investimento nos carregadores: do governo, da iniciativa privada, da indústria automobilística ou do esforço coordenado. Do ponto de vista do consumidor não se trata apenas de localização fácil em ruas e estradas, mas do tempo de recarga. Já se observou, principalmente nos EUA, certo grau de rejeição. Não se sabe ainda o reflexo nas vendas futuras de elétricos pelo desconforto da espera mínima de 30 minutos, isso nos pontos de recarga de alta potência, para recuperar 80% do alcance declarado.
O estudo reúne grandes méritos pois pode servir de referência para o governo federal implantar ações de estímulo que, já se sabe, serão tão necessárias quanto difíceis de enquadrar no apertado orçamento federal. As condições econômicas e sociais dificultam a criação de subsídio direto ao comprador de um veículo 100% elétrico ou híbrido recarregável em tomada, como acontece hoje e continuará nos próximos anos em países centrais.
A cultura governamental de taxar veículos leves muito acima da média mundial atravessa mais de meio século. Seria aparentemente simples e faria sentido diminuir essa carga fiscal para combater o aquecimento global. Há também a alternativa de incentivar a renovação da frota atual, o que melhoraria muito as emissões de CO2. Mas, neste caso, deveria vir também a inspeção técnica veicular pelo menos nos principais centros urbanos do País. Coragem política para esta providência é difícil de acreditar.
ALTA RODA
ESCASSEZ mundial de semicondutores permanece e há grande impacto na produção brasileira de veículos. Anfavea estima 120.000 unidades perdidas até agora. Isso explica os estoques totais de apenas 15 dias, menor volume desde 1999 quando começaram a ser calculados. As matrizes das fábricas continuam direcionando as peças para mercados mais rentáveis, que não parece ser o caso do Brasil. Cenário deve mudar no primeiro trimestre de 2022, mas há previsões de normalização só em meados do próximo ano.
BMW SÉRIE 3 domina com 70% de participação no segmento de sedãs médio-grandes. Uma das razões é a produção no Brasil (95% das vendas) e outra sua notável qualidade dinâmica: precisão de direção e atitude em curvas (50% de peso em cada eixo). Na linha 2022 adotou, finalmente, o Android Auto sem fio, mas o carregador por indução tem pouca potência. Para desempenho é melhor usar o modo de condução Sport porque os 184 cv do turbo flex têm que lidar com 1.460 kg em ordem de marcha.
VERSÃO elétrica do SUV médio T60 Plus, o E-JS4 amplia a escalada da JAC nesse mercado de nicho. Preço: R$ 249.990 ou 50% mais que o modelo convencional. No entanto, o elétrico oferece equipamentos adicionais como câmeras traseira e de visão 360 graus, faróis de neblina, teto solar panorâmico e banco do motorista elétrico. Potência, 150 cv, torque 34,7 kgf.m e aceleração de 0 a 100 km/h em 7,5 s.
MOTOCICLETAS e até bicicletas já podem contar com chamada de emergência em acidentes. Anunciado agora pela Bosch, na Alemanha, o algoritmo inteligente de colisão e sensores de aceleração do controle de estabilidade permitem, por meio de smartphone, transmitir informações aos serviços de socorro. Se a moto não tiver um sistema de detecção de colisão ou queda instalado permanentemente, dados do sensor do smartphone são usados para iniciar a comunicação emergencial.