Fernando Calmon
Engenheiro e consultor técnico de comunicação e de mercado e jornalista especializado desde 1967. Seus textos são publicados simultaneamente em 35 jornais, revistas e sites no Brasil e no exterior. A coluna - Alta Roda - começou a ser publicada em 1999 e firmou-se como referência no jornalismo especializado pela independência e análises objetivas.
Ver artigos deste autorEstá cada vez mais difícil se chegar a um consenso sobre o ritmo em que a frota mundial de veículos terá de mudar de perfil para ajudar a controlar as emissões de efeito estufa responsáveis por mudanças climáticas do planeta. Os principais gases são CO2 emitido por veículos de transporte em terra, mar e ar e o metano de várias origens, sendo a principal a pecuária.
Cálculos mais recentes apontam que o número de veículos elétricos no mundo necessita atingir 220 milhões em 2030 para limitar o aumento de temperatura da Terra abaixo de 2 graus até o final do século, como prevê o Acordo do Clima. Se forem retirados dessa conta os híbridos comuns e os plugáveis que utilizam motores a combustão em associação a elétricos, fica praticamente impossível alcançar essa meta. Então, é necessário que a indústria automobilística continue a investir em eficiência energética, soluções alternativas (biocombustíveis) e até na melhoria dos combustíveis fósseis.
A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva levou o assunto novamente a debates em seminário recente em São Paulo. Um dos consensos, apontado por Frederico Kremer, da Petrobrás, é que cada país ou região terá seu próprio quebra-cabeça a resolver. Soluções empregadas na China, por exemplo, assolada por graves problemas de poluição ambiental clássica, não se replicam diretamente em outros países.
Mesmo as baterias de íons de lítio, utilizadas atualmente em todos os automóveis elétricos, não representam solução definitiva. Além dos problemas de peso, volume, autonomia, densidade energética e de reciclagem dependem também do cobalto, minério produzido em grande parte no Congo em condições difíceis de extração. Luiz Oliveira, da Renault, adiantou que a empresa está tentando alternativas ao cobalto.
Uma possibilidade está nas baterias de estado sólido. Por sua alta densidade energética ocupam bem menos espaço nos veículos, são mais seguras e rápidas para recarregar. Problema ainda é o preço.
Pilhas a hidrogênio, sempre lembradas, esbarram na infraestrutura de abastecimento. Porém, o hidrogênio (em combinação com o oxigênio libera eletricidade) pode também ser obtido por meio de reformador no veículo e de um biocombustível como o etanol. Este, no ciclo de vida da produção até a emissão no escapamento, é praticamente neutro em termos de CO2. O etanol também pode ser usado em motores flex de automóveis híbridos.
Ricardo Abreu, da Mahle, ressaltou estudos no exterior sobre a necessidade de combustíveis convencionais de alta octanagem. Uma gasolina com essas características, que pode receber até 30% de etanol, permite motores bem mais eficientes em termos de consumo e assim obter ganhos em emissões de CO2.
Em resumo, seria um erro achar que apenas veículos elétricos puros resolverão todos os problemas ambientais do planeta em duas décadas. Viabilidade econômica ainda demora e exigirão subsídios impagáveis em altos volumes de produção. Dividir riscos ao adotar diferentes soluções parece ser questão de bom senso. Sem paixões ou sectarismo.
RODA VIVA
FCA decidiu entrar no jogo da VW e GM sobre lançamentos para os próximos anos. Antonio Filosa, presidente para América Latina, contabiliza 15 novidades para a Fiat e 10 para Jeep e RAM entre este ano e 2022, incluídos modelos importados, reestilizações, motores turbo, novos câmbios e até híbridos. Fiat terá mesmo três SUVs: a partir do Mobi, do Argo e versão própria do “Grand Compass” de sete lugares.
CONTRARIAMENTE ao que se especulou, perua Weekend e multivan Doblò (versão de passageiros) continuam em produção, mas em ritmo bem lento. Cada um vende apenas cerca de 300 unidades por mês. Enquanto a Fiat não lançar o SUV baseado no Argo, no próximo ano, ambos continuarão.
JEEP, além do Compass de maiores dimensões fabricado em Pernambuco, poderá importar o futuro modelo de entrada (menor que o Renegade). RAM terá picape 1500 vinda do México e outra (menor) com capacidade de uma tonelada. FCA ainda decidirá se esta, acima do Toro, poderá ser feita no Brasil.
MUSTANG alcançou ritmo de vendas esperado pela Ford. Modelo chama atenção pelo porte, grande aerofólio traseiro e ronco inconfundível do motor V-8. Há cinco modos de condução. O mais “civilizado”, apesar da suspensão firme, aceita bem a pavimentação irregular típica das nossas ruas. Acelerações vigorosas, direção precisa e bancos envolventes destacam-se.
LIFAN X80 traz a fórmula chinesa para SUVs de sete lugares: preço competitivo (R$ 129.777) por ser montado no Uruguai, bons materiais de acabamento, quadro de instrumentos virtual e profusão de itens de conforto/conveniência. Motor 2-litros turbo entrega 184 cv, o que deixa desempenho um pouco fraco. Difícil manter preço com escalada do dólar.
ESTUDO da BASF indica tons de branco, preto e laranja, nessa ordem, como tendências de cores para veículos vendidos na América do Sul nos próximos quatro a cinco anos. Laranja é cor de nicho, mas poderá atrair novos compradores que desejam diferenciação.